Objetivo: Analisar in vitro a influência das técnicas de instrumentação do canal radicular, dos irrigantes e cimentos endodônticos e do envelhecimento artificial acelerado na resistência de união do pino de fibra de vidro à dentina intrarradicular em dentes bovinos. Metodologia: Parte 1. Cento e vinte incisivos bovinos foram divididos em doze grupos experimentais (n=10) resultantes da interação entre três fatores em estudo: técnica de instrumentação do canal radicular (PAI – preparo do canal radicular com instrumentos de aço inoxidável – K-File; PNiTi – preparo do canal radicular com instrumentos de Níquel-Titânio – K3); irrigante endodôntico (NaOCl- hipoclorito de sódio 1%; CHX- clorexidina 2%; O3- água ozonificada 1,2%) (em todas as amostras o EDTA 17% foi utilizado para a remoção de smear layer) e envelhecimento artificial acelerado dos espécimes (Imediato, teste sem envelhecimento; Mediato, teste após 2 meses de envelhecimento em água a 37°C). Após o preparo dos canais radiculares não foi realizada a obturação endodôntica. Pinos de fibra de vidro foram cimentados com cimento resinoso auto-adesivo (RelyX U100, 3M-ESPE) e as raízes foram seccionadas para obtenção de duas fatias de cada terço. As amostras foram submetidas ao teste de micropush-out e os dados de resistência de união (MPa) foram analisados por ANOVA com parcela subdividida e teste de Tukey (α = 0,05). Os padrões de falha foram avaliados por meio de microscopia confocal. Parte 2. Sessenta incisivos bovinos foram divididos em seis grupos experimentais (n=10) resultantes da interação entre dois fatores em estudo: cimento endodôntico (SX- Sealapex; S26- Sealer 26; AH- AH Plus) e envelhecimento artificial acelerado dos espécimes (Imediato, teste sem envelhecimento; Mediato, teste após 2 meses de envelhecimento em água a 37°C). Foram empregados dois grupos controles (sem obturação do canal radicular) representados pelos grupos PNiTiNaOCl imediato e PNiTiNaOCl mediato da parte 1 do presente estudo. Nos seis grupos experimentais os canais radiculares foram preparados 1mm aquém do ápice com instrumentos de Níquel-Titânio – K3 associado a irrigação com NaOCl 1% e EDTA 17%. Em seguida, foram obturados com guta- percha e o cimento endodôntico específico de cada grupo, usando a técnica de condensação lateral. Pinos de fibra de vidro foram cimentados com cimento resinoso auto-adesivo (RelyX U100, 3M-ESPE) e as raízes foram seccionadas para obtenção de duas fatias de cada terço. As amostras foram submetidas ao teste de micropush-out e os dados de resistência de união (MPa) foram analisados por ANOVA com parcela subdividida e teste de Tukey (α = 0,05). Comparações com os grupos controles foram feitas pelo teste de Dunnet (α = 0,05). Os padrões de falha foram avaliados por meio de microscopia confocal.Resultados: Parte 1. Nos espécimes submetidos ao envelhecimento artificial em água, PNiTi apresentou maiores valores de resistência de união que PAI no terço apical irrigado com NaOCL ou CHX. A irrigação com NaOCL resultou em maior resistência de união comparada a O3. O envelhecimento artificial resultou em aumento significante da resistência de união, exceto para os terços médio e apical de PAIO3 e apical de PNiTiO3. A resistência de união reduziu significativamente no terço apical. A prevalência de falha adesiva cimento- dentina foi verificada em todos os grupos. Parte 2. Os cimentos endodônticos não mostraram diferenças significantes entre si, entretanto apresentaram valores de resistência de união significativamente menores que os grupos controles (sem obturação), exceto no terço cervical dos grupos testados imediatamente. O envelhecimento artificial não interferiu na resistência de união à dentina intrarradicular. Houve uma diminuição significante na resistência de união do terço cervical para o apical. A prevalência de falha adesiva cimento- dentina foi verificada em todos os grupos. Conclusões: Parte 1. O preparo do canal radicular com instrumentos de NiTi associado a irrigação com NaOCl e uso do EDTA aumentou a resistência de união de pinos de fibra de vidro cimentados com cimento auto-adesivo à dentina intrarradicular. Parte 2. Os cimentos endodônticos interferiram negativamente na união de pinos de fibra de vidro cimentados com cimento auto-adesivo à dentina intrarradicular.